sábado, 6 de julho de 2013

203


Pablo era um menino gordinho, tinha 12 anos de idade e estudava em um colégio religioso, seus colegas de sala de aula chamavam-se Saulo e Caio com quem conversa sempre sobre historias em quadrinhos e cinema, Pablo gostava de criar estórias e Saulo gostava de desenhar. Pablo morava em um prédio no centro da cidade, vivia com a mãe, o padrasto e uma irmã mais nova do que ele.
Um dia chegou mais cedo do colégio, tomou banho, fez um lanche e foi jogar videogame, enquanto jogava escutou uma voz feminina vindo do corredor do seu andar levantou-se do sofá e decidiu olhar quem estava no corredor e viu uma bela mulher muito jovem e atraente, logo em seguida avistou uns homens carregando moveis para o apartamento ao lado do seu e ficou curioso para saber quem era a nova moradora.
Durante a semana percebeu que a nova vizinha ainda trazia algumas coisas da mudança e parecia que ela também viria sozinha, pois não havia nenhum sinal de companhia junto a ela.
Certo dia resolveu ligar para seu amigo Saulo e falar do aparecimento da nova moradora, e Saulo o convidou para ir até a sua casa para falarem mais sobre o assunto e outras coisas, e Pablo decidiu ir.
 Quanto voltou para casa o elevador do seu prédio estava quebrado, subiu as escadas e ao se aproximar da porta de seu apartamento avistou um gato amarelo em frente ao apartamento 203 o mesmo da nova moradora tão atraente e que o deixara tão curioso, no mesmo instante onde a mesma aparecia ofegante dizendo que estava há horas a procura do gatinho, reclamando do elevador quebrado.
Pablo se afastou para não parecer tão curioso foi aí que se surpreendeu quando ela se aproximou dele dizendo seu nome Vera e perguntou se ele tinha achado seu gatinho, pois ela tinha o costume de esquecer a porta aberta e o animal de estimação sempre fugia, ela perguntou seu nome e agradeceu. Pablo ficou tão supresso que só conseguiu dizer o seu nome porque prestava mais atenção na roupa e no modo como ela falava.
Vera usava uma camisa regata branca que ficava visível a roupa intima por debaixo e um short jeans que deixava a mostra suas pernas bem torneadas e bronzeadas. Pablo apenas lembrava-se de ter sorrido e do nome da moradora do 203.
Naquela noite Pablo sonhou com Vera e na manhã seguinte quando voltou da escola foi observar se ela havia esquecido a porta aberta. Entrou em casa e ligou para seu amigo Caio e comentou o ocorrido, seu amigo sugeriu que ele a observar-se pela varanda, mas não teve sucesso naquela semana.
No sábado à noite a mãe e a irmã foram a um bingo da igreja, o padrasto havia descido para beber num bar da esquina com uns amigos e Pablo decidiu ficar em casa jogando videogame, quando ele ouviu vozes, uma delas parecia conhecida no apartamento ao lado, foi até a varanda para ver o que era, mas o som da música não o deixava ouvir o que realmente vinha do outro lado. Então decidiu averiguar se a porta de Vera estava aberta e dessa vez para sua surpresa ela estava.
Pablo sentiu medo por ser surpreendido e ao mesmo tempo ficou excitado por ver-la caminhando pelo apartamento quase desnuda com uma taça de vinho, cantando e ao mesmo tempo conversando com um homem que não dava para visualizar seu rosto. Vera estava com os cabelos soltos e usava uma camisola transparente e o menino ficou olhando os seios da mulher por debaixo daquela malha fina, que pareciam firmes e sensíveis a qualquer toque, seu olhar continuava a descer pelo seu corpo e viu a calcinha bem minúscula por debaixo, foi quando ouviu um miado na porta e saiu correndo, escutou Vera chamar pelo gato que tinha percebido a porta aberta.
Pela manhã lembrou que Caio e Saulo iram a sua casa, era um domingo ensolarado e eles tinham combinados de se encontrarem naquele dia. Quando os dois amigos chegam comentam que viram uma moça muito bonita com trajes de banho indo para piscina do prédio, Pablo pelas informações conclui que fosse Vera e os três decidem descer para olhar.
Vera estava deitada a beira da piscina tomando banho de sol, Saulo e Caio encorajam Pablo de ir tentar conversar com ela, mas ele fica com vergonha e o menino observava cada movimento que ela fazia na piscina, a marca do biquíni em seu corpo, os pêlos dourados em volta de suas nadégas e não deixava de pensar o quanto aquela mulher era bonita. Chamou seus amigos e subiram para o apartamento e ficaram conversando sobre garotas, HQ’s e jogos de videogames, mas a figura de Vera não saia do seu pensamento, os meninos foram embora no final da tarde e Pablo foi assistir a um jogo na televisão.
Durante a semana tudo estava normal até que um dia viu o gatinho de Vera no corredor do prédio e decidiu colocar-lo para dentro, mas a sua curiosidade o levou adentrar no imóvel, tudo pareceria calmo a sala bem arrumada e confortável, o apartamento tinha um cheiro muito agradável, havia um quadro do rosto de Vera, Pablo ficou admirando por alguns minutos, em uma estante da sala viu varias fotos dela com os amigos percebendo a porta do quarto entreaberta se aproximou e viu Vera nua, ele ficou observando-a pela porta já estava todo excitado e quando pensou entrar, seu padrasto aparece e fecha a porta.



REFLEXO AZUL



erguendo-se

do amanhã

a poesia

se imolava

em versos

eucarísticos

refletidos

no imorredouro

azul das

estrofes

consagradas



PEPE CASTILLO 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

COMIDA BRANCA

  
no alto do jirau

comida branca

era misturada

aos pontos amarelos

molhados no suco

da mandioca

comia com

voracidade sentindo

vibrar cada espinha aberta

ticada em sete pontas


PEPE CASTILLO



ENTRE DOIS


Pilar chega a sua casa após mais um dia cansativo de trabalho. Ela já era casada com Pedro há mais de 10 anos, porém ainda atraia olhares de outros homens, pois ela possuía um corpo muito atraente, tinha cabelos longos e loiros, olhos castanhos claros, seus seios eram fartos e pernas bem torneadas. De certa forma o que a fazia pensar porque seu casamento andava tão desgastado há muitos anos.
Ela estava aflita naquele dia que nem conseguia colocar a chave direito na fechadura, sua mão tremia, seu rosto suava e o suor descia até seus seios. Entrou em casa tudo estava completamente no escuro, não havia luz na sua rua. A sua casa a sugava por todas as partes, ligou a luz do celular, pois era o único objeto que tinha para iluminar o ambiente.
Estava muito inquieta, andando com o celular na mão focando os objetos da casa. Em sua mente uma só pergunta: Por que isto está acontecendo comigo? Sem respostas para aquele momento de escuridão, no fundo ela não o conhecia anos e anos sem saber quem ele era na verdade.
Pilar colocou uma música no celular, o som a envolveu junto com seus pensamentos sobre o atual momento na qual estava vivendo e repetiu várias vezes a mesma canção.
Sentia-se confusa e perdida que sua imaginação a levou a pensar em Antônio, um colega de trabalho, um homem atraente e mais novo do que ela, cabelos curtos e negros, olhos castanhos, corpo bem definido, lábios carnudos e uma voz bem marcante. Antônio além de muito atraente era um homem envolvente, porque tinha certas qualidades que outros homens não possuíam fazendo-a associar tais qualidades à personalidade de Pedro. Pilar tinha medo de se envolver com ele, pois admirava muito seu marido e ela nunca ia se perdoar se um dia chegasse a trair-lo.
O celular estava descarregando. O calor era intenso, a casa abafada e seus olhos eram de tristeza. Não havia mais nada para fazer. As justificativas eram tantas que cansou em ter uma resposta. Agora só lhe restava seguir sozinha, mas o medo a consumia.
Decidiu tomar um banho para relaxar foi tirando a roupa lentamente, por alguns minutos seu pensamento parou em Antônio, o ambiente a fazia sentir-se sensual, ao mesmo tempo em que a água e a espuma desciam pelo seu corpo ela imaginava o toque das mãos de Antônio acariciando a sua pele, fazendo seu corpo ferver com o toque da água em sua pele junto com tais pensamentos. Ainda embriagada por tais sensações saiu do banho, vestiu uma camisola, decidiu tomar um vinho para relaxar depois de um dia muito intenso, enquanto bebia e sentia o vinho descendo pela sua garganta um arrepio percorreu por todo seu corpo e imaginou a reação de Pedro se soubesse o rumo de seu pensamento.  
Á medida que as horas se passavam, a angústia de Pilar aumentava, foi para o quarto ficou nua deitou-se e enquanto movia-se na cama sentia o aroma de perfume de Pedro entre os lençóis. Fazendo a lembrar-se dos momentos de prazer e paixão vivida pelo casal. Mas ela não conseguia dormir, sua mente estava em Antônio.
Depois de uma hora, Pilar levantou-se da cama, vestiu uma roupa e foi até o quintal de sua casa para respirar um pouco e esquecer tudo aquilo que estava sufocando seu peito. Enquanto estava na área externa, seu marido entrou na casa, observou se ela estava e não a encontrou.

 Ela ouviu um barulho vindo em direção do banheiro, saiu da parte externa da casa e foi certificar-se de onde vinha os tais ruídos. Aproximando-se da porta do banheiro do corredor escutou sussurros e gemidos que vinha lá de dentro e percebeu que uma das vozes masculinas era conhecida.  

AREIA CHEIA



a areia

é cheia

cheia areia

onde vem

tanta areia?

areia cheia

cheia areia

onde tem

tanta areia?

areia cheia

cheia areia

aonde vendem

tanta areia?


PEPE CASTILLO

TROVADOR MASCARADO



em angústia em angústia
ando pelas noites
trajando máscaras  
invisíveis

na praça encontro
Kátia a puta
que debutei
em minha juventude

volto a desfrutar
os antigos anseios,
anseios que quero
camuflar

mas o meu disfarce
de poeta não me
deixa fingir.



PEPE CASTILLO

SORTILÉGIO DO CAOS


a tua

alma profana

cava o cinzel fano

que declina

teu nimbo insano

aniquilando a sana

estrela do caos.



  PEPE CASTILLO